sábado, 28 de março de 2009

Moção de homenagem ao Santo Condestável

(aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa, por proposta do PSD, em 23.03.09)

Considerando que:

O Papa Bento XVI decidiu canonizar, em 26 de Abril de 2009, D. Nuno Álvares Pereira, beatificado pelo Papa Bento XV, em 23.1.1918, e a quem o povo português chama, há séculos, o Santo Condestável.

Armado cavaleiro aos 13 anos, foi treinado no culto dos grandes valores da vida; e tornou-se defensor da justiça, dos oprimidos, das viúvas e dos órfãos.

Nuno Álvares Pereira contribuiu decisivamente para a independência nacional, quer como chefe militar (Fronteiro-Mor do Alentejo e, depois, Condestável do Reino), quer como líder político, sobretudo, nas Cortes de Coimbra, de 1385. À sua coragem e determinação se devem as vitórias nas batalhas de Atoleiros (6.4.1384), Aljubarrota (12.8.1385) e Valverde (17 e 18.10.1385).

Como intérprete eminente dos sentimentos do povo português, e, especialmente, do então chamado “povo miúdo” de Lisboa, contribuiu de modo muito relevante para a consciência da nossa identidade nacional.

Com 55 anos, participou na expedição a Ceuta, com que se iniciou a expansão portuguesa pelo mundo, nos primórdios da globalização.

Promoveu a construção do Convento do Carmo, em Lisboa, um monumento nacional, que, ainda hoje, é admirável, apesar de arruinado pelo terramoto de 1755.

Depois de negociar a paz com Castela (em 31.10.1411), começou a orientar a sua vida para o convento. Tendo-lhe pertencido metade do Reino, repartiu as terras pelos netos; distribuiu todo o dinheiro, jóias, armas e roupas a cavaleiros e escudeiros e a pobres; e, desde 1423, viveu como humilde donato carmelita os últimos oito anos da sua vida, repartindo diariamente a tença real pelos pobres, à porta do convento. Ele, que fora, abaixo do Rei, o fidalgo mais poderoso do Reino (Condestável, Conde de Ourém, Conde Arraiolos, Conde de Barcelos, etc.), passou a viver numa “cela minguada, escura e solitária”, não consentindo que lhe chamassem senão Nuno, por humildade – depois, Nuno de Santa Maria.

A Crónica do Condestável diz dele que “Deus por sua mercê fez e faz muitos milagres naquele lugar em que seu corpo jaz que são denotados e manifestos”.

Foi considerado pelo historiador Oliveira Martins como “a mais nobre, a mais bela figura que a Idade Média portuguesa nos deixou”.

A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida em 24 de Março de 2009, delibera:

1. Aprovar um voto de congratulação pela anunciada canonização do Santo Condestável.

2. Solicitar à Câmara Municipal de Lisboa que promova a colocação de um monumento a D. Nuno Álvares Pereira, no local para esse efeito preparado, no cimo do Parque Eduardo VII.

Lisboa, 23.3.2009.

Os Deputados Municipais do PSD